UTI - Cuidado humanizado do paciente crítico.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Beta-bloqueadores na sepse

Novotny N et al: Shock 2009; 31: 113-119

Os autores fazem uma revisão em relação ao uso experimental de beta-bloqueadores na sepse. Os beta-bloqueadores diminuem a produção de citocinas pró-inflamatórias, reduzem a resistência à insulina (bloqueiam a resposta adrenérgica) melhorando o metabolismo dos carboidratos, e amenizam a disfunção cardíaca associada à sepse.

Flávio E. Nácul

domingo, novembro 07, 2010

Curso GUTIS com certificado da AMIB

Segurança em UTI

Inscrições abertas pelo telefone: 69- 99831684

Data: 26 de novembro
Horário: 9:30 min
Local: Auditório do CREMERO

Para médicos associados ou não da AMIB.
Inscrição gratuita.

sábado, novembro 06, 2010

Fórum de Enfermagem - 27/11/2010

A qualificação dos profissionais que atuam no atendimento de pacientes nas Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) do país é um dos fatores que contribuem com a eficácia do tratamento.

Em mais uma atividade de qualificação profissional a AMIB realizará, em parceria com a Sociedade de Terapia Intensiva de Rondônia (SOTIRO), o Fórum de Enfermagem no estado de Rondônia, dia 27 de novembro, no auditório da Faculdade Uniron, no Porto Velho Shopping.

Com o tema: "A Busca pela Excelência na Assistência Intensiva" o Fórum abordará assuntos relevantes para a Terapia Intensiva como: Sistematização da Assistência de Enfermagem, Enfermagem Neurointensiva, Sepse: Tratamento e cuidados de Enfermagem, Hemodiálise na Terapia Intensiva, Como Nutrir o Paciente Crítico, Monitorização Hemodinâmica com Cateter de Artéria Pulmonar, Interpretando o Balão Intra-aórtico, Sedação e Analgesia Controlados por Enfermeiros.

Os enfermeiros também terão oportunidade de participar de uma mesa redonda que abordará o controle de infecções em UTI. "Sabemos que a cada dia surgem mais germes resistentes dentro das UTIs. Precisamos nos preparar para enfrentar essa situação e combatê-las. Conversaremos sobre higiene oral, prevenção para o cateter venoso central, prevenção de ITU, como prevenir PAVM", comenta Jandra Cibele Rodrigues, presidente do Departamento de Enfermagem da SOTIRO.

De acordo com Jandra Cibele, a expectativa da SOTIRO é reunir um grande número de profissionais, devido à carência de atividades de capacitação na área de Terapia Intensiva. "Recebemos muitas solicitações de eventos para enfermeiros por isso estamos organizando um Fórum que atenda essas demandas. E para garantirmos esse sucesso convidamos profissionais de renome para ministrar as palestras. As enfermeiras de São Paulo, Renata Pietro, presidente do Departamento de Enfermagem da AMIB, e Juliana Borges, gerente de projeto do Laboratório do Sono do Instituto do Coração de São Paulo, já estão confirmadas", finaliza.

As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelos telefones:
Jandra Cibele - (69) 8402.3605;
Arethusa - (69) 8111.9080;
Rosana - (69) 8115.8306.


FORUM DE ENFERMAGEM SOTIRO/AMIB
A BUSCA PELA EXCELÊNCIA NA ASSISTÊNCIA INTENSIVA

08:00
Inscrições e distribuição de material.

08:15
Mensagem de abertura.

08:30 - 09:00
Sistematização da Assistência de Enfermagem: Como elabora-la?

09:00 - 09:30
Enfermagem Neurointensiva: o que precisamos saber?

09:30 - 10:00
Coffee Break

10:00 - 12:00
Mesa Redonda: Controle de Infecções em UTI. Combate aos germes (cada vez mais) resistentes.
Higiene oral: quando e como.
Prevenção para o cateter venoso central
Prevenção de ITU: quando retirar a SVD?
PAVM - como prevenir?

12:00 - 13:30
Horário livre para almoço.

13:30 - 14:00
Sepse: Tratamento e cuidados de Enfermagem.

14:00 - 14:30
Hemodiálise na Terapia Intensiva: quando e Como realizar?

14:30 - 15:00
Como nutrir o paciente crítico?

15:00 - 15:30
Coffee Break

15:30 - 16:00
Monitorização Hemodinâmica com cateter de Artéria pulmonar.

16:00 - 16:30
Interpretando o Balão Intra-aórtico.

16:30 - 17:00
O despertar diário: sedação e analgesia controlados por enfermeiros.

17:00 - 18:00
Discussão, encerramento e entrega de certificados.

terça-feira, novembro 02, 2010

Uso do Bicarbonato de Sódio

Boyd J, Walley K: Curr Opin Crit Care. 2008 Aug;14(4):379-83


Os autores fazem uma revisão sobre o tema e sugerem que o bicarbonato de sódio somente seja utilizado em pacientes com acidose lática associada ao choque quando pH estiver abaixo de 7,0. Quando administrado, o bicarbonato de sódio deve ser utilizado em infusão venosa lenta para evitar as complicações secundárias ao seu uso que incluem hipercapnia e a hipocalcemia ionizada. A redução dos níveis de cálcio ionizado podem provocar redução da contratilidade cardíaca e vascular além de redução da responsividade dos vasos às catecolaminas.

Flávio E. Nácul

Antibióticos - venda sob prescrição médica

Recentemente a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma nova determinação: os antibióticos vendidos nas farmácias e drogarias do país só poderão ser entregues ao consumidor mediante receita de controle especial em duas vias. Tal medida tem o objetivo de diminuir o uso indiscriminado de antibióticos e contribuir para a redução da resistência bacteriana na comunidade.
A nova norma definiu também:
- As embalagens e bulas deverão incluir a seguinte frase: "“VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA - SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA”
- As receitas valem por 10 dias
- Todas as prescrições deverão ser registradas no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).


ATENÇÃO! A prescrição de antibióticos em receita de controle especial em duas vias se torna OBRIGATÓRIA a partir de 28 de novembro de 2010.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Mobilização Nacional pela Valorização da Profissão Médica

Com o objetivo de sensibilizar gestores públicos, parlamentares e a sociedade civil,a Federação Nacional dos Médicos, Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, organizaram na terça-feira (26) a Mobilização Nacional pela Valorização da Profissão Médica e a Assistência à Saúde, que levou médicos de todas as regiões do país às ruas de Brasília, para reivindicar por melhores condições de trabalho, mais financiamento para o setor Saúde e assistência de qualidade à população. A ação faz parte das comemorações do dia do médico, celebrado no dia 18 de outubro.

Reunidos em frente ao Ministério da Saúde, vestidos de branco, centenas de médicos manifestaram suas preocupações frente aos inúmeros problemas que a Saúde vem enfrentando. Depois, caminharam até o Congresso Nacional e em coro diziam: “O médico vai lutar e a Saúde vai mudar!” e “Médicos na rua, a luta continua!”

Durante o ato, um documento com as principais reivindicações do setor, foi entregue ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e às lideranças partidárias. Entre elas a imediata regulamentação da Emenda 29, que fixa os percentuais de gastos com Saúde, mais condições de trabalho e remuneração adequada.

Cid Carvalhaes, presidente da FENAM, discursando durante mobilização dos médicos, em Brasília

“Este movimento representa que os médicos estão dando um recado à população brasileira e especialmente aos governos. Representa que os médicos têm muito o quê contribuir para uma política de saúde que seja consistente e que tenha poder de solução de problemas, além disso, representa uma manifestação de vontade e de coragem dos médicos,” destacou o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Cid Carvalhaes.

“Hoje os médicos estão saindo às ruas para serem ouvidos de dois lados. Um deles, para convocar a sociedade para uma aliança, em defesa de uma assistência de qualidade neste país, que seja capaz de respeitar a dignidade de cada cidadão e de outro lado, estamos gritando aos gestores para que eles possam ouvir o clamor que existe dentro da nossa sociedade para a que a vida venha a ser respeitada e respeitada em abundância”, completou o vice-presidente da entidade, Eduardo Santana.

Fonte: Taciana Giesel - FENAM

segunda-feira, outubro 18, 2010

quarta-feira, outubro 06, 2010

Sindrome de Burnout

Exaustão emocional na saúde
Publicado em 03.10.2010 Pesquisa mostra que 30% dos médicos estão deprimidos.
Jornada excessiva e outras dificuldades levam ao problema, comum também aos
educadores

Veronica Almeida
Exaustão antes mesmo de iniciar o dia de trabalho. Angústia, ansiedade,
desânimo, isolamento e indiferença com os colegas. Esses sintomas clássicos da
síndrome de burnout foram identificados em pelo menos um terço dos médicos do
Hospital Estadual Jaboatão Prazeres, na Zona Oeste do Grande Recife. A pesquisa,
realizada no ano passado e divulgada agora, mostrou maior frequência dos sinais
da síndrome em plantonistas da emergência. Nesse setor, o índice de prováveis
portadores foi de 26%, contra 8% dos que atuam em ambulatório. A maior parte do
grupo é formada por mulheres.

“O problema é identificado entre médicos, mas atinge também enfermeiros e outros
profissionais de saúde”, diz o cirurgião-dentista Waldemir Borba, diretor do
Hospital Jaboatão Prazeres e autor da pesquisa, feita durante pós-graduação em
gestão de saúde pública, pela Universidade de Pernambuco. Para ele, os médicos e
outros trabalhadores da área estão sendo consumidos pelo estresse da função, a
longa jornada em múltiplos empregos e a difícil relação no ambiente de trabalho.

A amostra ouvida por Borba foi composta por 40 médicos, de 27 a 61 anos de
idade. Desse total, 60% atuam na emergência e 40% nas consultas marcadas. Dos
entrevistados, 68% eram do sexo feminino. Os plantonistas referiram sobretudo
sinais típicos da chamada exaustão emocional, como o cansaço e o esgotamento, o
traço inicial do transtorno. “Decorre principalmente da sobrecarga e do conflito
pessoal nas relações interpessoais”, explica Borba. Outros sinais identificados
têm a ver com a despersonalização, que se manifesta na insensibilidade
emocional. “A pessoa geralmente discute, vive de cara amarrada, trata colegas e
o público como objeto e se isola”, explica o pesquisador. O quadro evolui para a
perda de autoestima. “Ela não se sente vital no trabalho”, acrescenta.

Embora as leis trabalhistas já contemplem o mal como síndrome do esgotamento
profissional, não é fácil assumir a condição de portador. Há insegurança na hora
de pedir ajuda, por temer a exposição e a incompreensão com o estado. No caso
dos médicos, há outro agravante. “Mesmo sofrendo física e emocionalmente, eles
não procuram ajuda e tendem a se automedicar. Existe uma subnotificação dos
casos”, diz Waldemir Borba. Ele lembra que a doença psiquiátrica tem prevalência
maior entre médicos se comparado com a população geral.

ESTRUTURA
Para o pediatra intensivista Sílvio Rodrigues, presidente do Sindicato dos
Médicos de Pernambuco, a estrutura atual dos serviços e as relações de trabalho
no setor público e privado ajudam o profissional a sofrer de burnout. “No setor
público há uma sobrecarga de trabalho e limitações para exercício da profissão.
O médico vê pacientes morrerem sem condições de oferecer o ideal para eles, nos
ambulatórios encaminha a pessoa para exame e não tem retorno. No setor privado,
a autonomia é quebrada por terceiros, como os donos dos hospitais e planos de
saúde”, enumera.

Com 42 anos de idade e 17 de profissão, grande parte no setor público, Rodrigues
confessa que já sentiu o estresse de perto. Teve tempo em que entrava de plantão
no sábado e só chegava em casa na segunda-feira. “A gente se sente exausto,
ansioso, discute frequentemente”, descreve. Com os colegas, segundo ele, há
situação pior. “Vejo gente com enxaqueca ou taquicardia na véspera de assumir o
plantão, é uma ansiedade pré-trabalho”, afirma. Conforme Rodrigues, há
trabalhador tão exausto emocionalmente que às vezes não sabe sequer onde se
encontra.

Para ele, a prevenção da síndrome passa por uma carreira que garantisse ao
médico um único emprego no setor público, com boa remuneração. “Ele poderia
trabalhar de manhã e de tarde evoluindo pacientes nas enfermarias ou dando no
máximo dois plantões de 24 horas por semana”, sugere.

domingo, setembro 26, 2010

Benchmark - Certificação de serviços

A busca pela certificação dos serviços de saúde é um movimento crescente aqui no Brasil. Cada vez mais a atividade dos prestadores (hospitais, clínicas, terceirizados, e por que não considerar até mesmo o profissional individualmente considerado) será descrita a partir de indicadores de estrutura, processo e de resultado.

O pareamento de indicadores entre as diferentes instituições forma um painel que retrata e situa cada unidade no universo das insituições reunidas, o que chamamos "benchmark". Obviamente a comparação dos indicadores deve levar em conta uma série de elementos para a interpretação mais justa. Mas de qualquer modo, um bom resultado é sempre um bom resultado a ser mostrado.

No link a seguir exemplifico o que digo. Trata-se de um artigo de um periódico de economia Latino-americano que lança em painel diferentes instiuições. A metodologia é própria e passível de crítica, mas toda a documentação serve de antepasto para o que há de vir em termos de prestação de serviços em saúde.

http://rankings.americaeconomia.com/clinicas_2009/las_20_mejores_clinicas_y_hospitales_de_america_latina.php


Fonte: Haroldo Falcão (Apontamentos em Terapia Intensiva)

segunda-feira, agosto 30, 2010

A carreira do Intensivista

Azoulay E, Mancebo J, Brochard L. "Surviving the night in the ICU". AJRCCM 2010; 182:293-294.

Evans TW. "24-hour Staffing of Intensive Care Units by Trained Specialists". AJRCCM; 182: 294-295.

Estenssoro E, Barbas CSV, Román LS. "ICU Staffing: the South American Perspective". AJRCCM 2010; 182:441-442.

Piquette D, Slutsky AS. "Impact of Intensivist Staffing on PAtient Care and Trainee Education: a Canadian Perspective". AJRCCM 2010; 182:442-444.

Há pelo menos 10 anos, a Medicina Intensiva vem ruindo nos Estados Unidos. O motivo é a falta de formação e disponibilidade de intensivistas, principalmente fora dos grandes centros, como Nova Iorque, Los Angeles e Boston. Kelley et al publicaram em 2004 que apenas 37% das UTIs nos Estados Unidos tinham profissionais intensivistas titulados e que a falta deles não é somente de médicos, mas também de enfermeiros. Estima-se que haja carência crítica de profissionais intensivistas em 2020 (apenas daqui a 10 anos !), já que a demanda por leitos de UTI deve aumentar cerca de 40% nesta data.

No Brasil, a situação não é diferente dos Estados Unidos ou de muitos países europeus. Não há dados exatos, mas a disseminação de cursos de pós-graduação (incluindo residências e PG Lato Sensu) traduz exatamente que o número de leitos de UTI cresceu muito mais rápido que a formação de novos profissionais. Muitos governos e prefeituras criaram vagas hospitalares de UTI, mas tem dificuldade de encontrar um grupo de intensivistas para administrá-las. Isso faz com que se procure com frequência cada vez maior o profissional titulado. Por norma governamental, para abrir e chefiar uma UTI, só com intensivista com título da AMIB. Isto não para só na dificuldade de encontrar o chefe da UTI, mas continua para muitos hospitais (inclusive no Sudeste do país) na procura de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas com mínima experiência para tomar conta dos pacientes graves na UTI. Sabe-se que a presença de equipe especialista melhora a qualidade e a mortalidade de pacientes graves (Pronovost et al, JAMA 2002). Fora aquela brincadeira estatística de Levy et al (Annals of Internal Medicine 2008), na qual a atuação de intensivistas poderia elevar a mortalidade a partir do banco de dados do projeto IMPACT (US), muitas evidências apontam para benefício do especialista nas UTIs.

Assim, como utilizar melhor o intensivista no cenário de falta de profissionais e crescente número de leitos de UTI ?

Azoulay, Mancebo e Brochard escreveram um editorial neste mês no "Blue Journal" que discutem como é melhor aproveitar o intensivista na organização de UTIs. Seria melhor ter intensivistas 24 horas/dia ? Sim, não há dúvida disso. Mas seria isto possível hoje em dia ? Não. É claro que os especialistas melhoram a qualidade de atendimento do paciente grave, que UTIs fechadas têm melhor desempenho que as abertas (pelo menos nos Estados Unidos), os cuidados paliativos são mais bem empregados, a alocação de recursos é mais racional, e que residentes, enfermagem e até as famílias se beneficiam do "full-time" intensivista. OS autores são a favor de uma mudança nas recomendações do "staffing" das UTIs, para obrigar os hospitais a contratar exclusivamente intensivistas titulados para trabalhar nas UTIs.

Por outro lado, no segundo editorial, Evans faz uma espécie de "advogado do diabo". Ele não discorda dos benefícios de ter profissionais especialistas, mas pondera que isto pode não ser possível. Primeiramente, os estudos de benefício de intensivistas vêm de trabalhos em grandes hospitais, na maioria universitários. Pequenos hospitais podem não apresentar tais benefícios e aumentar custos (Reinikainen et al, Intensive Care Med 2010). Ele também aponta que 70% dos hospitais com UTIs no Reino Unido não tem cobertura de intensivistas e que mudar este fato pode demorar muito. Evans também diz que intensivistas seniors querem se estabelecer e depois reduzir o trabalho noturno e manter suas atividades durante o dia, e ocorre a falta de planos de carreira para intensivistas em muitos países. Os intensivistas podem apresentar "burnout" mais facilmente se o emprego de "full-time" profissionais se tornar obrigatório hoje em dia.

Elisa Estenssoro (Argentina), Carmen Barbas (Brasil) e Román (Chile) escreveram outro editorial sobre este mesmo assunto no número seguinte da revista. Eles descrevem um pouco da situação na América do Sul. Todos não têm dúvida do benefício do intensivista especialista, principalmente para aumentar a segurança do paciente. Mas, a situação nestes países também é de falta de profissionais. No Brasil, pode-se dizer que há uma regulamentação mais clara e os intensivistas trabalham em turnos de 12 horas (plantão) e 8 horas (diaristas). Na Argentina e no Chile, as jornadas são de 24 horas. Na Argentina todos intensivistas são titulados, mas o número de profissionais é insuficiente. Eles ressaltam que os intensivistas trabalham em condições adversas, com jornadas longas em mais de 1 hospital e falta de equipamentos, o que subestima a capacidade altruísta do intensivista.

Por fim, apresenta-se a perspectiva canadense. Lá, a medicina é predominantemente pública, e além da falta de profissionais, valoriza-se muito os custos associados a empregar intensivistas "full-time". 60% dos intensivistas trabalham à noite também, metade das UTIs contam com profissionais com menos de 3 meses de treinamento e apenas 63% dos pacientes em ventilação mecânica têm assistência de um intensivista (Pashuram et al, Crit Care Med 2006). Ainda existe a dificuldade da imigração de intensivistas canadenses para os Estados Unidos, onde as condições de trabalho e a remuneração são melhores.

Enfim, o mundo intensivista está em crise. Os problemas são semelhantes nos Estados Unidos, na Europa, na América do Sul e no Canadá. Permanecemos preocupados, porque a carreira pode não ser mais atraente para os mais novos e mais sacrificante para os intensivistas seniors. Há muito o que se pensar e atuar para que a crise não atinja níveis insuportáveis.

André Japiassú

Fonte: Blog "Artigos Comentados em Medicina Intensiva"

Projeto extingue terceirização da saúde

A Câmara analisa o Projeto de Lei 7423/10 , do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que acaba com a transferência da prestação de serviços de saúde para organizações sociais. Pelo projeto, os contratos em vigor deverão ser regularizados no prazo de 180 dias contados a partir da publicação da lei.

A proposta altera a Lei 9.637/98, que trata da qualificação de organizações sociais para a execução de serviços públicos. Essa lei abriu a possibilidade de o Poder Executivo transferir a execução de determinados serviços para organizações sociais constituídas conforme aquele instrumento legal, procedimento conhecido como terceirização.

Direito de todos
Dr. Rosinha lembra que, pela Constituição, a saúde é direito de todos e dever do Estado, sendo a atividade livre à iniciativa privada, que pode participar do Sistema Único de Saúde (SUS) de forma complementar.

"Uma coisa é a contratação de serviços à iniciativa privada, devido a necessidade imperiosa; outra é transferir integralmente a responsabilidade da prestação a terceiros", questiona o autor do projeto.

Ele acrescenta que quando gerentes e contratados entram em cena, em lugar de gestores e servidores públicos, "o interesse comum passa do centro para a periferia das preocupações".

Contratos polêmicos
Para Dr. Rosinha, não é adequada a terceirização de serviços de saúde, mesmo se ocorrida em perfeita ordem. "Porém, infelizmente, sequer é este o caso, pois são numerosas as polêmicas envolvendo os contratos de terceirização, inclusive com irregularidades detectadas, como ocorreu recentemente no caso do Hospital de Santa Maria, no Distrito Federal", diz o deputado.

Além do patrimônio público, prossegue Dr. Rosinha, está em jogo a saúde da população. "Não se pode fazer experimentos de administração com a saúde pública", argumenta.

Tramitação
O projeto terá análise conclusiva das comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: FENAM

terça-feira, agosto 10, 2010

Indicadores de Performance e Qualidade

A partir de 24 de agosto 2010 entram em vigor a RDC 7 da ANVISA que dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e a Instrução Normativa nº 04 que dispõe sobre os indicadores para avaliação de Unidades de Terapia Intensiva.

Estas normativas determinam que as UTIs brasileiras devem monitorar sua performance e indicadores de qualidade de forma contínua. Quais os indicadores de performance e qualidade exigidos pela nova RDC 7 da ANVISA?


Indicadores exigidos pela RDC 7 da ANVISA:
- Taxa de mortalidade geral.
- Escores de gravidade de doença (SAPS 3*, SAPS II e APACHE II) e respectivas taxas de letalidade padronizadas.
- Reinternações (<24h).
- Tempo de permanência na Unidade de Terapia Intensiva.
- Prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde.
- Densidade de incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM).
- Densidade de incidência de infecção de trato urinário associada à catéter.
- Densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea associada à catéter.
- Sistema de classificação de necessidades de cuidados de enfermagem: índice de carga de trabalho de enfermagem necessários para o cuidado.
- Sistema de monitoração de eventos adversos, farmacovigilância e hemovigilância.

* O escore SAPS 3 é o atualmente recomendado pela AMIB para esta finalidade


Benefícios do Sistema Epimed Monitor®
* Monitoração de todos indicadores necessários para a RDC 7 (ANVISA 2010)
* Monitoração de performance e indicadores recomendados pela AMIB e pela Joint Comission
* Autonomia na gestão das suas informações
* Facilidade de uso e acessibilidade
* Segurança e confidencialidade dos dados
* Diversos relatórios que podem ser gerados pelo usuário
* Monitoramento da performance da sua UTI através de medidas ajustadas
* Benchmarking online com mais de 140 UTIs brasileiras


Saiba mais sobre o Epimed Monitor e a RDC 7 da ANVISA em:
http://www.epimedsolutions.com


Em relação aos Centros Formadores e Residência Médica em MI

O Programa de Especialização em Medicina Intensiva - AMIB - tornou-se um pouco mais flexível a partir deste ano, quando foi permitido aos Centros Formadores a opção do Programa com tempo de duração de três anos (sem pré-requisitos) ou dois anos (c/ pré- requisito de Clínica Médica, Cirurgia Geral ou Anestesiologia). No primeiro instante, parece que nos Centros que optaram pelos três anos de FORMAÇÃO houve maior procura e preenchimento das vagas. Em contra-partida, os Centros Formadores de Hospitais Universitários optaram na sua grande maioria pelo Programa de dois anos, ou seja, com exigência do pré-requisito e contaram com a procura dos seus residentes em Clínica Médica, Cirurgia Geral e Anestesiologia para o preenchimento das vagas em Medicina Intensiva.

Mais uma vez, de parabéns a AMIB pela forma coerente e profissional que vem adotando nas visitas para credenciamento dos novos Centros Formadores.

segunda-feira, julho 19, 2010

SIMI




Fernando Pessoa

"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"

Brasil é o terceiro pior lugar para morrer

CLÁUDIA COLLUCCI - SÃO PAULO
HÉLIO SCHWARTSMAN - ARTICULISTA DA FOLHA

Estudo inédito que compara os cuidados com pacientes terminais em diversos países coloca o Brasil entre os piores lugares para morrer.

Entre as 40 nações analisadas, o Brasil só não é pior do que Índia e Uganda, de acordo com o trabalho, feito pela unidade de inteligência da revista "The Economist".

Cada país recebeu sua pontuação no recém-criado índice de qualidade de morte. A nota é composta por indicadores qualitativos e quantitativos, normalizados e traduzidos em números.

Dispostos em quatro categorias, os indicadores incluem desde macrodados -como expectativa de vida e porcentagem do PIB destinada à saúde- até fatores como a facilidade em se obter analgésicos e se os estudantes de medicina são treinados em cuidados paliativos.

Cuidados paliativos ou de fim de vida são as medidas tomadas quando já não é possível curar ou estender a vida do paciente. As prioridades passam a ser o controle da dor e o conforto físico e psicológico do doente e de seus familiares.

Mesmo países com bons sistemas públicos de saúde, como Dinamarca, Finlândia e Coreia do Sul, receberam pontuações baixas.

As razões para a má performance incluem desde elementos culturais, como a dificuldade de lidar com a morte, até a ausência de uma política nacional sobre o tema.

FORMAÇÃO

Para o professor de bioética da USP Reinaldo Ayer de Oliveira, os médicos não estão preparados para tratar o doente incurável. "Esses pacientes são levados até a morte com muitas dúvidas e dificuldades", diz ele.

Lacunas na formação acadêmica são apontadas como uma das razões do despreparo. A disciplina de cuidados paliativos não é obrigatória nas faculdades de medicina-a especialidade ainda nem é reconhecida pela Associação Médica Brasileira.

"Enquanto você tem o doente com perspectiva de cura, as coisas vão bem. Na hora que se inverte isso, não temos preparo. Não sabemos qual o ponto de "viragem" [quando não há mais cura] ou qual o tipo de medicamento ou de procedimento que deve ser continuado", diz Oliveira, que também coordena a área bioética no Cremesp (Conselho Regional de Medicina).

Embora o novo Código de Ética Médica determine que os médicos não devem adotar procedimentos que pareçam desnecessários no fim da vida, na prática há muito tratamento equivocado.

A avaliação é da oncologista Dalva Yukie Matsumoto, uma das diretoras da Academia Nacional de Cuidados Paliativos. "Há muitos doentes em situação de quase morte internados em UTIs, entubados."

O médico Leonardo Consolim, do grupo de cuidados paliativos do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), defende que se criem unidades especializadas para tratar paciente terminais nos moldes do Programa Saúde da Família -no qual as pessoas são acompanhadas por equipes multidisciplinares em suas casas.

Fonte: Folha.com

PE - Médicos de Camaragibe paralisam novamente as atividades

Mais dois dias de paralisação.

Por conta da intransigência do prefeito João Lemos (PC do B), os médicos da rede municipal de Camaragibe decidiram, em assembleia geral, na noite de quinta-feira(15), paralisar mais uma vez as atividades por 48 horas nos dias 21 e 22 de julho(quarta e quinta-feiras). " Infelizmente, o prefeito não precisa dos médicos, mas, o povo de Camaragibe precisa. Por isso, tenta de forma equivocada desqualificar o movimento da categoria e não quer atender às principais reivindicações do movimento de valorização do trabalho médico", enfatizou o diretor do Simepe, Fernando Cabral. A prática antisindical e antidemocrática do prefeito tem supreendido aos profissionais de saúde.

Nos dois dias serão paralisados os atendimentos nos ambulatórios, postos de saúde da família, centros médicos e maternidades. Apenas os atendimentos de emergência serão mantidos nas unidades de emergências. Além disso, serão realizadas mobilizações nos locais de trabalho e ato público em frente ao Cemec - Centro de Especialidade Médica de Camaragibe – Av. Belmiro Correia. .

A categoria denunciou que, há cinco meses buscam providências em relação às condições de trabalho, remuneração, produtividade e criação do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV). A saúde do município apresenta uma série de problemas de atendimento à população. Tais como: faltam remédios, médicos insuficientes nos plantões, equipamentos sucateados, insegurança e condições adequadas para o exercício profissional. Denúncias já foram encaminhadas ao Conselho Regional de Medicina (Cremepe). Os médicos fazem nova assembleia geral na quinta-feira (22), às 19h30, no auditório do Simepe, para novas deliberações.

Fonte: FENAM

SIMERS lança campanha contra fundações na área de saúde.

O Sindicato Médico do RS (SIMERS), que representa quase 24 mil médicos do Estado, abre campanha pública contra a criação de fundações públicas de direito privado para assumir serviços públicos de saúde. O presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, aponta o modelo, que começa a ganhar adeptos entre prefeitos da Região Metropolitana e da Capital, como mecanismo de privatização do SUS.

Fonte: FENAM

sábado, julho 17, 2010

História da Medicina

Fonte da Reportagem: SEMIOBLOG









"Nada sabe de sua arte aquele que lhe desconhece a história".
Goethe (1749-1832)



A História da Medicina desempenha um papel importante na educação dos médicos, embora ainda seja negligenciada nos currículos de graduação. A falta de interesse em medicina histórica por parte dos estudantes de Medicina espelha a atitude da maioria dos médicos, e faz surgir a pergunta pretensamente pragmática: "Que utilidade tem estudar a História da Medicina e em que vai me ajudar no tratamento dos meus pacientes?" Procuram-se benefícios tangíveis derivados do conhecimento da história.

Lichtenthaler (1978) afirma que "os conhecimentos profissionais por si fazem de vós simples técnicos e funcionários de saúde. [...] é só graças à consciência histórica que amadurecem de modo a tornarem-se personagens médicas". Esta frase é o equivalente de outra bem conhecida, cunhada por Abel Salazar, de que "médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe" (CUNHA, 1987).

A História da Medicina é uma parte da História dedicada ao estudo dos conhecimentos e práticas médicas ao longo do tempo. Desde suas origens, o ser humano tenta explicar a realidade e os acontecimentos trascendentais da vida, como a morte e a doença.

Alguns autores acreditam que o ensino de História da Medicina confere "refinamento" aos médicos. O estudo da História da Medicina aprimora a cultura geral do estudante, pois a mesma é parte da História Geral da Humanidade e o modo como a medicina é exercida reflete o grau de desenvolvimento científico, tecnológico e cultural de um povo.

A História da Medicina, em sua tríade conceitual, – histórica, filosófica e ética, – constitui disciplina fundamental à cultura e completa formação da mentalidade médica. Ela é indispensável para aquele que não se contenta em ser mero profissional de uma técnica e que aspira à dupla perfeição: do homem culto e do técnico intelectualmente ambicioso.

No século XIX, a união da História e da Medicina veio constituir nova ciência, a História da Medicina, disciplina da História Geral. Os clássicos da medicina passaram a ser lidos não como fonte de informação para a prática médica, mas como documentos históricos para conhecer como os médicos antigos cuidavam das pessoas e quais eram as idéias que guiavam suas ações (GUSMÃO, 2006).

A história da Medicina se identifica com a história da Humanidade. Do empirismo dos povos primitivos até as últimas descobertas do Nobel, a evolução da Medicina reproduz a evolução do pensamento humano. "Percorrer este longo caminho é como viver uma inesperada e fascinante aventura.” (PENSO, 1990).

O ensino da História da Medicina mudou ao longo do tempo. No final do século XIX, ensinava-se História da Medicina aos alunos de graduação para fornecer um sentido de continuidade com as tradições da profissão em tempos de mudanças tão rápidas. Na segunda metade do século XIX, a História da Medicina tornou-se uma disciplina crítica, com a colaboração interdisciplinar de historiadores, filologistas, filósofos e médicos (GUSMÃO, 2006).

A História da Medicina não se interessa apenas pela ação dos médicos, mas também pelas idéias que os guiaram. Ela estuda os sistemas de medicina mágico, religioso, filosófico, teológico e científico. As teorias médicas representam um aspecto da civilização de determinado período, e para compreende-las é necessário conhecer as outras manifestações desta civilização, como filosofia, literatura, arte e música (ibid).

No início do século XX, o ensino de História da Medicina passou cada vez mais a ser visto como uma dimensão importante do desenvolvimento profissional, intelectual e humanista de estudantes de medicina. Para Gusmão (2006), a História da Medicina, sendo uma disciplina histórica, usa os métodos gerais da pesquisa histórica comum a outras disciplinas históricas, mas é uma história especial, tendo também seus métodos próprios e seus problemas. Ela estuda a saúde e a doença através dos tempos, as condições para a saúde e a doença e a história das atividades humanas que têm por objetivo promover a saúde, prevenir as doenças e curar o doente.

Além disso, é um meio através dos quais , mudanças recentes e radicais na área da saúde podem ser vistas com a necessária perspectiva. Para todos os alunos, estudar o papel da ciência e da medicina na cultura e na sociedade contribui para a capacidade de pensar criticamente sobre como a ciência e não deve funcionar.

O conhecimento de que a medicina e as ciências médicas são fundamentalmente sociais é uma lição importante para o estudante de Medicina. Os alunos também aprendem que o conhecimento médico é objeto de mudança e é adquirida em contextos específicos. nos diferentes períodos históricos, como se refletem na arte de curar as doutrinas médicas e como, nestas, se representa a ideologia geral da época, suas concepções filosóficas e religiosas, produzindo-se a explicação da doença e, consequentemente, os métodos terapêuticos (ibid).

Mas há uma outra e muito mais fundamental benefício que pode resultar do ensino da História da Medicina na graduação. Esta é uma época em que os educadores médicos estão preocupados com aumento da necessidade de preparar estudantes de medicina para a sua profissão por uma maior ênfase na sua formação humanística.

A prática da medicina torna-se mais complexa a cada dia e também mais interdisciplinar, o que torna necessária uma coesa compreensão da literatura, história e filosofia em suas interfaces.

Um passo de cada vez, através de saltos de progresso e de obstáculos, o conhecimento médico da humanidade avançou de uma época em que nem o fluxo de sangue dentro do corpo era conhecido e as células não eram sequer um conceito, até a atualidade, quando transplantes de órgãos são realizados de forma sistemática.

Imagine-se que o surgimento de um instrumento simples que permitiu ao médico ouvir os batiemntos cardíacos foi um avanço profundo. Como a ciência médica foi capaz de fazer esta viagem extraordinária? Quais os principais descobrimentos tornaram possível as condições atuais de terapêutica médica? Quem foram as pessoas responsáveis por essas fascinantes descobertas?

História da Medicina é também Medicina, é uma forma de abordagem para compreender melhor a própria Medicina.

Na década de 1990, a História da Medicina foi ensinada em uma variedade de configurações. Em algumas escolas, a história foi integrada ao ensino das humanidades médicas. Em outras, passou a ser ministrada pelos próprios professores de Medicina (LEDERER et al., 1995).

É senso comum que um dos melhores métodos de expor um assunto é o método histórico. Abordar uma questão a partir do momento em que ela nasce, compreendendo as circunstâncias que a originaram, seguir sua evolução, conhecer os fatos e as razões que apóiam ou contradizem as diversas teorias que sobre ela foram emitidas... esta é uma ótima maneira de compreender a questão. A reconstituição do passado é fundamental para a formação da cultura humanística dos médicos, só que muitos deles não percebem isso.



Referências
CUNHA, N. Ciência, conhecimento e sociedade em Abel Salazar. Revista Portuguesa de Filosofia, 43 (3/4): 273-305, 1987.
GUSMÃO, S. História da Medicina: Importância e Evolução. 2006. Disponível em: http://www.sbhm.org.br./ Acesso em: 10 jul. 2010.
LEDERER, S. E; MORE, E. S.; HOWELL, J. D. Medical history in the undergraduate medical curriculum. Academic Medicine. 70 (9), 1995.
LICHTENTHALER, C. Histoire de la médecine. PAris: Fayard, 1978.
PENSO, G. Parassiti, microbi e contagi nella storia dell'umanità. Roma: Ciba-Geigy, 1990.



Fonte da ilustração desta postagem: abertura do weblog lusitano
http://bloghmed.blogspot.com/


sexta-feira, julho 16, 2010

XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (ENEM)

Representantes de todos os Estados se reúnem para discutir a saúde brasileira.

Cerca de 500 representantes dos médicos de todo o Brasil participarão entre os dias 28 e 30 de julho do XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (Enem), em Brasília. A reunião será um momento importante de avaliação das políticas públicas de saúde e também do contexto no qual se insere hoje a prática da Medicina. Nos grupos de trabalho e nas plenárias previstas, acontecerão debates e serão aprovadas propostas que contribuirão para o aperfeiçoamento da assistência à saúde, bem como a própria valorização do profissional.

Para as organizadoras do evento – Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam) - trata-se de uma oportunidade ímpar para quem pensa no futuro da saúde brasileira. “AMB, CFM e Fenam, instituições que representam os médicos brasileiros, terão oportunidade, por meio de amplo debate, de promover uma revisão de suas ações recentes, além de programar uma agenda comum que certamente trará mais visibilidade ao movimento médico nacional que defende melhorias no sistema de saúde oferecido à população e dignas condições de trabalho ao médico”, ressalta o presidente da Associação Médica Brasileira, José Luiz Gomes do Amaral.

Os resultados do XII Enem comporão documento que será encaminhado aos médicos, à sociedade, às autoridades e aos candidatos nas próximas eleições aos cargos majoritários (presidente, governador e senador) e proporcionais (deputados federal e estadual ou distrital). O Encontro acontece dentro de um momento político especial – o período pré-eleitoral – que o torna espaço privilegiado para discussão dos rumos a serem adotados pelo país no campo da Saúde (pública e privada). Os três presidenciáveis que encabeçam as pesquisas – Dilma Roussef, José Serra e Marina Silva – foram, inclusive, convidados a visitar o local das reuniões, na sede da Associação Médica de Brasília (AMBr), para apresentar suas plataformas para o setor e receber pessoalmente os pleitos dos profissionais.

Para o presidente do CFM, Roberto Luiz d`Avila, o XII Enem abrirá a oportunidade para que os médicos – representados por suas entidades – atuem de forma articulada e em sintonia para sensibilizar os tomadores de decisão sobre as mudanças que devem ser implementadas na área da saúde. “Os médicos têm o dever de se fazer ouvir também na cena política, especialmente quando o assunto é assistência. E os gestores precisam ouvir e acolher as recomendações, as sugestões, de quem é responsável pelo acolhimento dos pacientes e suas famílias em consultórios e hospitais. Estabelecer metas e definir políticas, ignorando essas contribuições pode ser desastroso para toda a sociedade”, alerta.

O XII Enem configura um fórum de alta representatividade do segmento médico no Brasil. Além de convidados e observadores, o plenário será formado por 400 delegados escolhidos pelos estados, distribuídos de forma paritária entre conselhos regionais de Medicina, associações e sociedades de especialistas e sindicatos médicos, além de representantes dos médicos residentes. Serão eles, os porta-vozes privilegiados da categoria no grande debate a ser realizado.

Três eixos temáticos orientarão a agenda de debates durante o XII Enem: formação médica; mercado de trabalho e remuneração; e SUS, políticas de saúde e relação com a sociedade. Em cada dia do Encontro, um desses tópicos será abordado por meio de conferências, mesas-redondas, trabalhos em grupo e debates (abaixo, confira a programação na íntegra). Durante o fórum de Brasília, os participantes poderão avaliar propostas levantadas durante os três encontros regionais (Pré-Enems) e alguns estaduais, que traduzem as expectativas e visões dos médicos que trabalham no atendimento à população.

O XII Enem foi precedido de etapas preparatórias que buscaram qualificar o debate e sistematizar as prioridades a serem levadas ao encontro nacional. Os Pré-Enems estaduais foram opcionais e muitos estados – como Bahia, Pará, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Sul – os realizaram. Os Pré-Enems regionais, por sua vez, foram divididos nos blocos Nordeste (29 de abril e 1º de maio), Sul/Sudeste (14 e 15 de maio) e Norte/Centro-Oeste (4 e 5 de junho).

O presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Cid Carvalhaes, destaca o Enem como uma grande oportunidade para ampliar as discussões e apresentar propostas para questões como formação do médico, fiscalização rigorosa das faculdades de medicina e fechamento das escolas médicas que não têm condições de funcionar, a defesa intransigente dos programas de residência médica, com eficiência e competência, a convalidação de diplomas de médicos formados em outros países e que precisam ser bem definidos, entre outros temas. Cid Carvalhaes cita ainda a realização do Enem como convergência do fortalecimento das entidades médicas nacionais - Fenem, CFM e AMB. “Todos esses e outros temas e propostas devem ser elencados em ordem de prioridade e quem vai fazer isso de fato é o Enem, evento no qual se pretende, com a Carta de Brasília (documento oficial do encontro), definir as prioridades e nortear as ações dos próximos três anos da política médica como um todo e a política de saúde para o país, do ponto de vista médico, dentro do enfoque das três entidades”, ressaltou Cid Carvalhaes.

PROGRAMAÇÃO

DIA 28 DE JULHO – QUARTA-FEIRA

8h30 – Credenciamento

9h às 10h30 – MESA 1: FORMAÇÃO MÉDICA

Escolas Médicas (sistema de avaliação, hospitais de ensino, abertura indiscriminada, necessidade social, currículo, exame de habilitação)

Residência Médica (médico generalista X médico especialista, ampliação de vagas, CNRM, “residência” multiprofissional)

Revalidação de diplomas (prova de habilitação, papel do MEC e das universidades públicas)

10h30 às 12h – Debates

12h às 13h – Almoço

13h às 15h – 10 Grupos de Trabalho sobre Formação Médica

15h às 15h30 – Intervalo

15h30 às 16h – Reunião das delegações das Entidades

16h às 18h - Plenária sobre Formação Médica

19h – Solenidade de Abertura



DIA 29 DE JULHO – QUINTA-FEIRA

9h às 10h30 – MESA 2: MERCADO DE TRABALHO E REMUNERAÇÃO

PCCV/Carreira de Estado/Carreira Pública (proposta PCCV-FENAM; PEC 454/09, sobre carreira de Estado; propostas do MS, salário mínimo profissional, serviço civil obrigatório)

Trabalho médico no SUS (precarização, terceirizações, contratualizações tabela SUS, código)

Trabalho médico na Saúde Suplementar (Papel da ANS, TISS, CBHPM; honorários; PLS 276/04, sobre contratualização obrigatória e reajuste anual)

10h30 às 12h – Debates

12h às 13h – Almoço

13h às 15h – Grupos de Trabalho sobre Mercado de Trabalho e Remuneração

15h às 15h30 – Intervalo

15h30 às 16h – Reunião das delegações das Entidades

16h às 18h - Plenária sobre Mercado de Trabalho e Remuneração



DIA 30 DE JULHO – SEXTA-FEIRA

9h às 10h30 – MESA 3: “SUS, POLÍTICAS DE SAÚDE E RELAÇÃO COM A SOCIEDADE”

Financiamento do SUS (regulamentação da emenda 29, subfinanciamento da saúde, relação entre o público e o privado)

Gestão do SUS (administração direta, cooperativas, fundações, OSCIP´s e OS´s)

A relação dos médicos com a sociedade (relação com a mídia, relação com o Judiciário, participação dos médicos no controle social)

10h30 às 11h30 – Debates

11h30 às 13h30 – Grupos de Trabalho sobre SUS e Políticas de Saúde

13h30 às 14h30 – Almoço

14h30 às 15h – Reunião das delegações das Entidades

15 às 16h30 – Plenária sobre SUS e Políticas de Saúde

Coordenador: Aloísio Tibiriçá Miranda – CFM

16h30 às 17h30 - MESA DE ENCERRAMENTO

Balanço do Encontro e aprovação da “Carta de Brasília”

Presidentes das Entidades Médicas Nacionais

14/07/10

Humaniza SUS - Cartilha sobre a Política Nacional de Humanização do SUS

A Humanização como política transversal na rede SUS

A Humanização vista não como programa, mas como política que
atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do SUS, implica:
- Traduzir os princípios do SUS em modos de operar dos diferentes
equipamentos e sujeitos da rede de saúde;
- Construir trocas solidárias e comprometidas com a dupla tarefa de
produção de saúde e produção de sujeitos;
- Oferecer um eixo articulador das práticas em saúde, destacando o
aspecto subjetivo nelas presente;
- Contagiar por atitudes e ações humanizadoras a rede do SUS,
incluindo gestores, trabalhadores da saúde e usuários.

Assim, entendemos Humanização como:
- Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de
produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores;
- Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos;
- Aumento do grau de co-responsabilidade na produção de saúde e de
sujeitos;
- Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no
processo de gestão;
- Identificação das necessidades sociais de saúde;
- Mudança nos modelos de atenção e gestão dos processos de trabalho
tendo como foco as necessidades dos cidadãos e a produção de saúde;
- Compromisso com a ambiência, melhoria das condições de trabalho e
de atendimento.

Para isso, a Humanização do SUS se operacionaliza com:
- A troca e a construção de saberes;
- O trabalho em rede com equipes multiprofissionais;
- A identificação das necessidades, desejos e interesses dos diferentes
sujeitos do campo da saúde;
- O pacto entre os diferentes níveis de gestão do SUS (federal,
estadual e municipal), entre as diferentes instâncias de efetivação
das políticas públicas de saúde (instâncias da gestão e da atenção),
assim como entre gestores, trabalhadores e usuários desta rede;
- O resgate dos fundamentos básicos que norteiam as práticas de saúde no
SUS, reconhecendo os gestores, trabalhadores e usuários como sujeitos
ativos e protagonistas das ações de saúde;
- Construção de redes solidárias e interativas, participativas e
protagonistas do SUS

Clique e Leia a Cartilha na íntegra

quarta-feira, junho 30, 2010

Lista de Aprovados - Titulados em Medicina Intensiva

A SOTIRO parabeniza os médicos que conquistaram o Título de Especialista em Medicina Intensiva na prova de Título de Junho 2010.

Veja a lista completa.

terça-feira, junho 15, 2010

São Paulo terá hospital público de transplantes.

Por: Saúde Business Web
15/06/2010

Hospital terá capacidade para realizar 630 transplantes ao ano


A Capital paulista abrigará, a partir do dia 15 de junho, o primeiro hospital público especializado em transplantes do País. O Hospital de transplante Dr. Euryclides de Jesus Zerbini terá capacidade para realizar até 630 cirurgias por ano.

Com uma equipe de 80 médicos o objetivo do hospital é tornar-se referência em transplantes de rim, fígado, pâncreas, medula óssea e córnea. A unidade não realizará procedimentos de transplante entre pacientes vivos.

O antigo hospital Brigadeiro, localizado na avenida Brigadeiro Luis Antônio na capital paulista, que agora passa a se chamar Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, passou por dois anos de reformas e adequação de suas instalações. Durante o período em que foi administrado pelo governo federal o centro médico recebeu oito salas especiais para transplantes, totalmente equipadas.

domingo, junho 06, 2010

O perfil do Médico a ser formado no novo projeto de gradução em Medicina

Por Mara Rufino de Andrade
Estudante do Internato do Curso de Graduação em Medicina da UFPB

Resumo

As orientações atuais em relação ao ensino de Medicina preconizam que é preciso formar um médico comprometido com a promoção da saúde e a prevenção de doenças, além dotá-lo de uma visão ética e atenta às necessidades da comunidade na qual atua. As atuais Diretrizes Curriculares do Curso de Graduação em Medicina enfatizam que o egresso deve ter formação generalista. Entende-se, portanto, que a formação médica que serve agora não pode se limitar à informação teórica e ao treinamento clínico e não pode privilegiar a especialização precoce. Por outro lado, a explosão de informações na área médica deve priorizar o processo de "aprender a aprender", com o ensino das técnicas de busca destas informações, assim como da adequada formação para analisá-las criticamente. Formar o médico na atualidade é preparar o estudante para exercer uma atividade complexa e fundamental para a sociedade.

Palavras-chave: Educação Médica. Centros Educacionais de Áreas de Saúde. Estudante de Medicina.

Na área de formação médica, têm surgido muitos questionamentos sobre o perfil do profissional que a sociedade requer, principalmente diante da preocupação com a especialização precoce e ao ensino marcado, ao longo dos anos, por parâmetros curriculares baseados no Relatório Flexner, que se baseou no raciocínio mecanicista da doença, na especialização médica, no diagnóstico técnico-laboratorial, na linguagem objetiva da anátomopatologia (MITRE et al., 2008).

A ênfase na sólida formação em ciências básicas nos primeiros anos de curso, a organização minuciosa da assistência médica em cada especialidade, a valorização do ensino centrado no ambiente hospitalar enfocando a atenção curativa, produziram um ensino dissociado das reais necessidades do sistema de saúde vigente (Ibid).

Conforme as orientações mais atuais da Organização Mundial da Saúde, o médico a ser formado deve ser comprometido com a promoção de saúde e a prevenção dos agravos, além de ser dotado de uma visão humanista e ética e estar atento às necessidades das comunidades na qual atua. Praticamente todas as propostas de reforma curricular em Medicina incluem uma ampliação da formação dos futuros médicos nos aspectos éticos e humanísticos da profissão.

O entendimento anterior de que um médico deve ser preparado para dominar conceitos teóricos e técnicas eficazes para curar doenças e afastar a dor já não serve. Se definirmos a profissão médica como essa capacidade, a formação se esgota na aprendizagem de teorias e no domínio de técnicas de diagnóstico e de intervenção clínica e/ou cirúrgica (PESSOTTI, 1996). Essa definição do perfil do médico baseada nos princípios tecnocientíficos é considerada muito simplista.

Nessa visão, o ensino médico se deteve ao estudo dos aspectos biológicos do ser humano, que de certa forma resultou na formação de "profissionais carentes de mentes questionadoras, sem o desejo e a curiosidade de compreender os fenômenos com os quais se defrontam, incapazes de refletir sobre suas práticas e adequá-las às necessidades de suas comunidades"(MAMEDE, 2001).

Assim, foram necessárias mudanças que levassem em consideração aspectos éticos, humanísticos e a adequação à realidade do sistema de saúde. A proposta estabelecida pelas novas Diretrizes Curriculares do Ensino Médico, homologadas pelo Conselho Nacional de Educação em 2001 (BRASIL, 2001), que atualmente constituem os princípios gerais para a formação médica, sugerem a inserção precoce do aluno em cenários diversificados de ensino-aprendizagem e enfatiza o papel desempenhado pela atenção básica nesse processo.

As Diretrizes Curriculares do curso de graduação em Medicina enfatizam, no artigo 3º, que o egresso do curso de Medicina deve ter "formação generalista, humanística, crítica e reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano".

Ao propor a formação de médicos competentes, éticos, comprometidos com as necessidades de saúde da população, as novas diretrizes curriculares, instigam uma interação ativa entre estudantes, professores, profissionais de saúde e usuários. Assim, novas adequações têm sido propostas com o intuito de se chegar a esse objetivo (NOGUEIRA, 2009).

Segundo Kira e Martins (1996), algumas estratégias têm sido implementadas em muitas escolas médicas no Brasil, como o treinamento em ambulatório e não apenas em enfermarias e serviços de emergência, a busca da interação com uma equipe multiprofissional e não apenas com médicos, a incorporação dos conhecimentos de epidemiologia à prática clínica, assim como o reconhecimento da importância dos aspectos psicológicos, sociais e culturais nas doenças e nos doentes.

Portanto, entende-se atualmente que a formação médica que serve, agora, não pode se limitar à boa informação teórica e ao treinamento clínico. Agora, formar o médico é preparar alguém para exercer uma atividade complexa, fundamental para a vida e para as realizações da sociedade (PESSOTTI, 1996).

Por outro lado, a explosão de informações na área médica deve levar a uma forma de ensinar que priorize o "aprender a aprender", com o ensino das técnicas informatizadas para a busca destas informações, assim como formação para analisá-las, de forma a responder perguntas clínicas específicas, se impõe no ensino médico atual. A Medicina Baseada em Evidências é, pois, um paradigma a ser progressivamente empregado para permitir um trabalho ordenado e crítico da enorme quantidade de novas informações médicas que se acumulam mês a mês.

O novo currículo do curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) está atualmente no sétimo semestre e insere os estudantes na comunidade desde o primeiro período do curso. A criação de novas disciplinas para os primeiros anos da graduação, com enfoque na promoção e educação em saúde, propicia a inserção do estudante precocemente em atividades práticas relevantes para a sua futura vida profissional, permitindo-lhe conhecer e vivenciar situações variadas de vida e incentivando sua interação ativa com usuários e profissionais de saúde desde o início de sua formação.

Com a recente implantação do novo Projeto Pedagógico do Curso de Medicina (PPC) na UFPB, ao contrário de aulas estruturadas por disciplinas, passou a existir um currículo baseado em módulos de conhecimento. Entre as alterações mais significativas figura a inserção precoce dos alunos na rede básica de saúde, o que busca propiciar a compreensão precoce das circunstâncias ambientais, sócio-culturais e econômicas das quais emergem as condições de saúde e seus agravos. Esta inovação tem o objetivo de se conseguir que os alunos tenham uma visão holística, valorizando as ações de promoção e prevenção, tanto quanto as de recuperação e de reabilitação. Esse objetivo é um dos principais desafios da reforma da educação médica.

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução n.4, CNE/CES de 7/11/2001. Diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em medicina. Diário Oficial da União. Brasília, 9 nov. 2001; Seção 1, p. 38. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pedf/CES04.pdf Acesso: 02 jun 2010.
MAMEDE, S.; PENAFORTE, J. (Org). Aprendizagem baseada em problemas: Anatomia de uma nova abordagem educacional. Fortaleza: Hucitec, 2001.
MITRE, S. M. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciênc. saúde coletiva 13 (suppl. 2): 2133-2144, 2008.
NOGUEIRA, M. I. As mudanças na Educação médica em perspectiva: Reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Rev. bras. educ. med. 32 (2): 262-270, 2009
KIRA, C. M; MARTINS, M. A. O ensino e o aprendizado das habilidades clínicas e competências médicas. Medicina Ribeirão Preto, 29: 407-413, 1996.
PESSOTTI I. A formação humanística do medico. Medicina Ribeirão Preto 29: 440-448, 1996.

sexta-feira, junho 04, 2010

Prova Especial - Lista dos habilitados

Saiu a lista de habilitados para a Prova Especial da AMIB.

Confira em: http://www.amib.org.br/pdf/HABILITADOSPROVAESPECIAL.pdf

Carreira de Estado para os médicos

Por: Taciana Giesel - FENAM

A carreira de Estado para os médicos, luta antiga da FENAM, será discutida no I Fórum sobre Carreira de Estado para Médicos, que será realizado na próxima terça-feira, dia 8 de junho. Organizado pela Comissão Pró-SUS, composta por membros das três entidades médicas nacionais (FENAM, CFM e AMB) o Fórum tem como objetivo extrair sugestões que ajudarão a delinear de forma mais clara aspectos importantes para a proposta.

Uma das esperanças da categoria é a aprovação da PEC 454/2009, de autoria dos deputados Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Eleuses Paiva (DEM/SP), que visa estabelecer diretrizes para a organização da carreira de médico de Estado. A PEC prevê a equiparação dos salários dos médicos aos subsídios de juízes e promotores. Para o presidente da FENAM, Paulo de Argollo Mendes, a proposição é a única maneira de solucionar a carência de médicos nas cidades interioranas e de difícil acesso.

“O projeto que estabelece a carreira de estado para médicos é um dos mais importantes para a nossa categoria. Temos mostrado, tanto ao governo e aos parlamentares quanto à população, que a única maneira de termos médicos nas pequenas localidades é com a carreira de estado e ela tem de vir acompanhada de um Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos (PCCV)”. Paulo Argollo, presidente da FENAM.

Nomes importantes do Judiciário, do Ministério Público, da Câmara e do Senado já confirmaram presença no I Fórum sobre Carreira de Estado para Médicos.

SERVIÇO:
Fórum das Entidades Médicas sobre Carreira de Estado
Data: 08 de junho de 2010
Horário: A partir das 8h30
Local: Auditório do Conselho Federal de Medicina – Brasília-DF
Promoção: Comissão Pró-Sus – CFM/AMB/FENAM

quinta-feira, junho 03, 2010

Delta gap

Nos pacientes com acidose metabólica e anion gap aumentado, o cálculo do delta gap pode ser útil para o diagnóstico de distúrbios mistos.

Delta gap = (Anion gap - 12) - (24 - bicarbonato). O delta gap é a diferença entre o aumento do anion gap a partir de 12 mEq/L e redução do bicarbonato a partir de 24 mEq/L.

Se a acidose metabólica com anion gap aumentado for a única alteração ácido-base, a correlação entre o aumento do anion gap e redução do bicarbonato deve ser de aproximadamente zero.

Delta gap > 6 (redução do bicarbonato é menor que a esperada) = alcalose metabólica concomitante à acidose metabólica com anion gap aumentado

Delta gap < 6 (redução do bicarbonato é superior a esperada) = acidose metabólica com anion gap normal associada à acidose metabólica com anion gap aumentado

Exemplo: Mulher jovem com diarréia, vômitos, hipotensão arterial e acidose metabólica. Sódio 144 mEq/L; Potássio 4,2 mEq/L, Cloro 95 meq/L; Bicarbonato 14 mEq/L. Anion gap = Na - (Cl + Bicarbonato) = 35 (normal: 8-16 mEq/L). Delta Gap = (35 - 12) - (24 - 12 ) = 10 mEq/L. A presença de um delta gap superior a 6 mEq/L sugere a presença de uma alcalose metabólica concomitante à acidose metabólica.

Flávio E. Nácul - Artigos Comentados


segunda-feira, maio 31, 2010

Telemedicina afasta usuários do hospital na Europa.

Os Serviços de Saúde de North East Essex, no Reino Unido, registaram um decréscimo de 44 por cento nas visitas aos hospitais desde que foi implementado um sistema de telemedicina na região.

A informação foi fornecida pelo portal Public Technology e dizem respeito aos primeiros seis meses de teste do projeto. Com base nestes valores, a organização acredita que até uma centena de pacientes com doenças crônicas, como os que sofrem de doença pulmonar obstrutiva ou insuficiência cardíaca, podem beneficiar-se de uma melhor prestação de cuidados de saúde.

Através deste sistema os pacientes podem medir diariamente em casa ou na unidade de saúde mais perto da residência aspectos como a pressão arterial, peso, temperatura ou os níveis de oxigénio, entre outros. Esta informação é depois enviada em tempo real para um especialista, que avalia se o paciente necessita de algum cuidado especial.


Enviado por: Renato M.E. Sabbatini, PhD via SBIS NEWS
Fonte: Leandra (Alum) - Tecnologia da Informação e Medicina

sexta-feira, maio 28, 2010

Prova de Título - Especial

A Prova de Título de Especialista Categoria Especial já tem local definido. Os quase 270 inscritos se reunirão nos próximos dias 26 e 27 de junho, no Hotel Pestana, na Rua Tutóia, 77, em São Paulo. No primeiro dia acontecerá a fase teórica, das 9 às 13 horas. Os candidatos devem chegar com uma hora de antecedência. No dia 27 será o dia da fase oral que começará às 8 horas, com término previsto para às 18 horas.

A prova teórica será composta por 50 questões de múltipla escolha que foram elaboradas considerando o universo de procedimentos aplicados nas Unidades de Terapia Intensiva.

Para complementar as etapas citadas haverá também a análise curricular do candidato. "Os requisitos do currículo e a pontuação atribuída devem seguir rigorosamente o sistema de pontuação estabelecido pela Comissão Nacional de Acreditação.", reforça o Dr. Ciro Mendes, presidente da Comissão de Título de Especialista da AMIB.

Para aprovação, o candidato deverá atingir a nota mínima de 6, resultado da soma das duas avaliações (prova teórica e prova oral/análise curricular). A prova teórica corresponderá a 70% da nota e os 30% restantes serão divididos entra a prova oral e a análise curricular.

Para auxiliar no preparo dos candidatos, a Comissão de Título de Especialista definiu uma bibliografia que engloba todos os principais assuntos de Medicina Intensiva. Confira: Knobel E: Condutas no Paciente Grave, 3ª Edição, São Paulo, Editora Atheneu, 2006; Irwing and Rippe´s, Intensive Care Medicine, 6th Edition, Lippincot Williams & Wilkins, 2008; e Parrillo Joseph E, Dellinger Phillip R. Critical Care Medicine. Principles of Diagnosis and Management in the Adult, 3rd edition, Mosby, 2008.

Para mais informações e inscrições, acesso o site da AMIB, na área Prova de Título. www.amib.org.br

sábado, maio 15, 2010

Revisão - Receptores Toll-like e PAMPs

Receptores Toll-like são receptores localizados na membrana celular que possuem a capacidade de identicar os PAMPs (Pathogen-associated molecular patterns). Os PAMPs são moléculas associados à patógenos cujo principal exemplo é o lipopolissacarídeo que está associado aos agentes Gram negativos. A interação entre os receptores Toll-like e um dos PAMPs dá inicio à resposta inflamatória.

Fonte: Flávio E. Nácul - Artigos Comentados

Cálculo do Anion Gap

O cálculo do anion gap (AG) é prática comum na abordagem do paciente com acidose metabólica. Ele é fornecido pela fórmula: AG = sódio - (cloro + bicarbonato). Os valores normais variam de 8 a 16. Acidose metabólica com AG aumentado está associado com situações onde ocorre ganho de ácido (acidose lática, cetoacidose diabética, uremia) enquanto que acidose metabólica com AG normal está associado com situações onde ocorre perda de base (acidose tubular renal, diarréia). Nos pacientes com hipoalbuminemia (albumina < 3,5 g/dL) deve-se utilizar o AG corrigido segundo a seguinte fórmula: AG corrigido = AG calculado + 2,5 (4 - albumina). Por exemplo, um paciente com albumina de 1,8 g/dL e AG de 10 tem um AG corrigido de 10 + 2,5 (4,0-1,8) = 15,5.


Fonte: Flávio E. Nácul - Artigos Comentados

segunda-feira, abril 12, 2010

Novo Código de Ética Médica - 13/04/2010

por HERMANO FREITAS,

Medicina: novo código proíbe prescrição de remédios à distância


Após 22 anos sem atualização, entra em vigor na próxima terça-feira (13) o novo Código de Ética Médica brasileiro. O texto atualizado, que regula a conduta dos profissionais de saúde, prevê situações que vieram com os avanços da ciência, como a manipulação genética e o tratamento de pacientes em estado terminal.
Ficam proibidos os "procedimentos inúteis" de prolongamento da vida de pacientes irreversivelmente condenados, a escolha do sexo de bebês em inseminação artificial, a prescrição de remédios à distância e a produção de receitas médicas com letra ilegível.
Um dos elaboradores do novo código, o coordenador das Câmaras Técnicas do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, Jefferson Piva, afirma que os princípios dos dois códigos são bastante semelhantes, mas alguns pontos ficaram mais específicos. "Em 1988, não se falava no Brasil em morte encefálica, para se ter uma idéia. O que hoje se regula é que não se pode realizar procedimentos inúteis e dolorosos em pacientes em estado terminal", afirma.
Dentro da chamada "ortotanásia" - evitar o prolongamento da vida do paciente terminal por meios artificiais -, estão permitidas medidas que atenuem o sofrimento do paciente, como a administração de medicamentos analgésicos e a permissão de visitas de parentes e amigos fora do horário previsto, mas qualquer cirurgia ou exame que não for resultar em cura e provoque dor está vedado.
"Se um paciente tem um tumor que não é alterável, ele vai chegar em um determinado estado em que vai morrer independente do que se fizer. Então, só resta atenuar a dor. O código anterior era omisso neste ponto", diz Piva.
O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital Correa Lima, afirma que a intenção do novo código é não apenas ficar restrito às descobertas científicas atuais como abranger possibilidades que virão apenas no futuro. "É muito perigoso você modificar genes para tentar evitar doenças. Em vez de fazer com que ela desapareça, pode acontecer de a doença vir a se tornar dominante e isso poderia colocar em risco a própria existência da espécie humana", afirma Lima.
O problema na chamada "eugenia" - a modificação genética para "melhorar" a raça humana - seria o que chama de um "elitismo" genético. "Com a permissão da eugenia poderíamos ressuscitar aquela teoria nazista de um ser humano perfeito, de olhos azuis, superior aos outros. E só quem tivesse acesso a essa tecnologia teria direito a uma descendência geneticamente superior, o que é inadmissível", diz.
O código de ética é abrangente e tem a pretensão de ser um orientador genérico do profissional de saúde, mas depende da interpretação de cada médico. Isso ocorre, de acordo com Jefferson Piva, para que o texto não perca sua atualidade e possa ser aproveitado pelo menos até daqui a 20 anos, com uma próxima atualização.
Letra de médico
Um artigo do código pretende acabar com a folclórica "letra de médico" em receituários.
"É vedado ao médico receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos",
afirma o documento.

Ainda que o código não preveja sanções em seus artigos, como acontece por exemplo no Código Penal, o texto serve como um orientador das práticas dos profissionais de saúde. Os processos penais ocorrem de acordo com a legislação vigente. Nos processos administrativos contra médicos preveem, entretanto, advertência privada, pública e a suspensão do direito ao exercício da profissão.
O código regula, dentre outros temas, dos direitos dos médicos, da responsabilidade profissional, dos direitos humanos, da relação com pacientes e familiares, da doação e transplantes de órgãos, da relação entre médicos, do sigilo profissional, dos documentos médicos, do ensino e da pesquisa médica e da publicidade médica.
A Veus Technology investe cada vez mais no seu novo sistema Veus Bluetooth.
O serviço permite o envio de informações sem custo adicional para celulares. Segundo Marcelo Botelho, diretor da empresa, hoje mais de 170 milhões de brasileiros possuem telefone celular e uma parcela crescente dispõe do recurso bluetooth em seus aparelhos.

A área de saúde foi uma das primeiras a aderir à nova tecnologia.
A Rede Lab"s Dor envia dados como exames e horário de funcionamento para seus clientes. Essa é uma nova estratégia de marketing para dispositivos móveis que as empresas utilizam, com o objetivo de falar com o cliente de maneira mais objetiva sem a perda de informações.

Portal para acessar exames pelo celular: http://meusexames.com


Fonte: Tecnologia e Informação

domingo, abril 04, 2010

Resposta do Presidente da AMB a declaração do Presidente Lula publicada na Folha de São Paulo - 30/3/2010 referente aos médicos brasileiros.

SAÚDE PÚBLICA
Incontinência verbal


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em mais um de seus rompantes habituais de incontinência verbal, diz ter encontrado os culpados pelo caótico sistema de saúde nacional: os médicos. Segundo reportagem veiculada sexta-feira em diversos jornais brasileiros, o presidente reclamou que "os médicos não aceitam ou cobram caro para trabalhar no interior e nas periferias" e que "é muito fácil ser médico na Avenida Paulista". Lula também criticou o Conselho Federal de Medicina, pedindo o reconhecimento dos diplomas dos médicos formados em Cuba. Ainda em tom jocoso, criticou o médico responsável pela amputação do seu dedo mínimo da mão esquerda. Sua ira se voltou também para os contrários à cobrança de novo tributo para aumentar os recursos para o setor de saúde. O que o presidente finge não saber é que o médico sozinho, no interior ou em periferias, é incapaz de promover saúde. Ele precisa de apoio para exercer sua profissão, como laboratórios, equipamentos para exames, hospitais, enfim, tudo o que não é prioridade ou é claramente insuficiente em seu governo. Lula também finge não saber que ninguém é contra o médico cubano: exige-se apenas que ele, como qualquer outro, se submeta ao exame de avaliação exigido para formados no exterior. Quanto à CPMF, governar impondo novos impostos ao já fatigado povo brasileiro é tão vulgar quanto dizer que é "fácil ser médico na Avenida Paulista". A Associação Médica Brasileira (AMB), em nome dos mais de 350 mil médicos brasileiros, sente-se ultrajada com as declarações do sr. Lula, visto inverídicas, por considerar que elas não condizem com o cargo que S. Sa. ocupa e por atingir a dignidade e a honradez daqueles que, diariamente, em hospitais ou consultórios, muitas vezes em condições precárias, lutam por manter a saúde do povo brasileiro. O presidente Lula deve um pedido de desculpas à classe médica brasileira.


José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB