UTI - Cuidado humanizado do paciente crítico.

domingo, maio 17, 2009

Quanto dialisar!

Depois de “quando” a próxima pergunta é sempre “quanto”. E novamente há controvérsias. Em pacientes com doença renal crônica (DRC) está bem estabelecida a dose mínima adequada, que seria um Kt/V de uréia de 1,2 por 3 vezes na semana. O Kt/V de uréia é um índice para se mensurar a dose de diálise, onde K representa o clereance de uréia da “máquina” (depende do fluxo de sangue e do dialisato, da ultrafiltração e de características da membrana), o t é a duração da diálise e V, o volume de distribuição da uréia. Em pacientes estáveis o volume de distribuição da uréia é considerado igual a água corporal total ou seja, 50-60% do peso ideal. A aplicação do Kt/V em pacientes com IRA, entretanto, ainda não foi validada, pois há uma grande variação no volume de distribuição da uréia em pacientes críticos.

Quando Dialisar?

Essa é uma pergunta difícil. Infelizmente ainda não temos uma resposta e devemos ainda esperar um bom tempo por qualquer indício nesse sentido. Necessita-se de evidências no tratamento da insuficiência renal aguda (IRA) desesperadamente. Tanto que existe um grupo internacional, o Acute Kidney Injury Network, comprometido em debater e desenvolver pesquisas em IRA.

VASOPRESSINA na Ressuscitação Cardio-Pulmonar

A vasopressina (VP) também pode ser usada na Reanimação Cardio-Pulmonar (RCP). As recomendações mais recentes da American Heart Association Advanced Cardiac Life Suport Guidelines trazem a VP como opção à primeira ou segunda dose de epinefrina (40 UI IV). A última atualização, entretanto, foi publicada em 2005, antes dos trabalhos mais recentes sobre a droga. A VP tem vantagens teóricas, já que não aumenta o consumo cardíaco de oxigênio e seus receptores não são afetados pela acidose. Em contrapartida ela não é um estimulante cardíaco. Dois estudos randomizados anteriores mostraram sobrevida semelhante com o uso de VP e epinefrina (EP), um em parada cardio-respiratoria (PCR) intra-hospitalar (Stiell et al) e e outro em PCR em ambiente não hospitalar (Wenzel et al). Esse último, entretanto, sugeriu uma superioridade da VP quando o ritmo da PCR era assistolia.

Em julho de 2008 foi publicado um estudo francês, multicêntrico e randomizado, com 2894 pacientes: o Vasopressin and Epinephine vs. Epinephrine Alone in Cardiopulmonary Ressucitation. Após a randomização, os pacientes recebiam 1mg de EP seguida de 40UI de VP ou placebo, de acordo com o grupo. Se a circulação efetiva não era estabelecida em 3 minutos, repetia-se a mesma combinação de drogas. E, se ainda após mais 3 minutos não houvesse retorno da circulação, administrava-se “open-label” epinefrina a critério do médico assistente. O desfecho primário foi sobrevida até admissão hospitalar e os desfechos secundários foram retorno da circulação efetiva, sobrevida até alta hospitalar, recuperação neurológica e sobrevida em 1 ano. O estudo foi desenhado para obter um poder de 90% para detectar uma melhora de 25% no grupo da intervenção em relação ao desfecho primário. Mil quatrocentos e quarenta e dois pacientes receberam VP associada a EP e 1452 receberam apena EP. Nenhum efeito adverso relacionado ao tratamento foi relatado. Os grupos foram semelhantes com exceção de um número maior de homens no grupo da terapia combinada (p=0,03).

PEROXINITRITO

O peroxinitrito é produzido a partir do óxido nítrico. Na sepse ocorre um aumento da produção de óxido nítrico e consequentemente uma elevação na formação de peroxinitrito. O peroxinitrito provoca redução da migração dos neutrófilos, disfunção mitocondrial e diminuição da contratilidade da musculatura lisa vascular com consequente hipotensão refratária. Um melhor entendimento dos mecanismos de formação do peroxinitrito bem como do seu mecanismo de ação podem beneficiar os pacientes com sepse.

Takakura K et al: Anesthesiology 2003; 98:928-34

Takakura e colaboradores estudaram ratos portadores de choque séptico e observaram que os animais tratados com peroxinitrito eram hiporesponsivos à noradrenalina. Fenômeno semelhante foi descrito pelo mesmo grupo em relação à dopamina. Os autores concluem que o aumento da formação do peroxinitrito que ocorre na sepse pode explicar em parte a hipotensão refratária de alguns pacientes.

Elaboração de Resumo de Tema Livre para Congressos

Com a proximidade das datas limites para envio de Temas Livres de alguns Congressos (21 de junho - SOTIERJ Rio de Janeiro 2009 - e 30 de julho - CBMI São Paulo 2009), aqui vão algumas dicas para elaboração de Temas Livres de Trabalhos Científicos, para apresentação em Congressos:

1. tenha certeza que vai ao Congresso; a ausência de apresentadores de um trabalho na chamada durante o Congresso é constrangedor e pode marcar o grupo para Congressos futuros (exemplo: Congresso Europeu de Medicina Intensiva)

2. agregar, sem sobrecarregar demais, todo o tipo de informação nova, mas relevante do trabalho

3. proporcionar ao avaliador informações suficientes que lhes permitam julgar se é conveniente aprovar o Tema Livre

4. preste atenção ao limite de palavras ou caracteres imposto para inscrição do Tema; deve-se evitar o excesso de artigos, advérbios e adjetivos

5. incluir de forma sucinta os resultados, indo direto ao ponto em relação à ideia que se quer passar ao leitor

6. escreva o resumo na 3a pessoa ou sujeito indeterminado; evite o uso da 1a pessoas do singular ou plural

7. cuidado com abreviaturas ou símbolos, exceto aqueles com uso generalizado; se usar, escreva por extenso na primeira aparição no resumo

8. a introdução deve ir direto à dúvida ou contexto do Tema Livre na literatura existente

9. métodos: não é necessário se alongar em relação a todos os dados analisados ou análise estatística detalhada; lembre-se de citar ONDE (foi realizado o trabalho), QUANDO (período de desenvolvimento do trabalho), QUEM (pacientes - inclusão e exclusão) e COMO (o que foi observado ou usado nos sujeitos do trabalho)

10. resultados: é o principal para convencer da qualidade do trabalho; descreva rapidamente as características da população e em seguida os resultados da análise realizada, sem discutir sobre eles (não há espaço para comparações com outros trabalhos semelhantes da literatura)

11. figuras (1 ou 2 no máximo) são benvindas se explicam os resultados melhor que frases (bom para comparações de vários grupos avaliados e/ou trabalhos experimentais); neste caso, evite repetir estes resultados da figura no corpo do resumo

12. a conclusão deve ter 1 frase apenas, para que o leitor veja imediatamente a ideia a ser passada; preste atenção para que a conlcusão responda o(s) objetivo(s) do trabalho

13. evitar referências e tabelas extensas