UTI - Cuidado humanizado do paciente crítico.

terça-feira, julho 10, 2012

Estratégias na prevenção de insuficiência renal por contrastes radiológicos

Circulation; DOI: 10.1161/CIRCULATIONAHA.106.687152

Os pesquisadores compararam três estratégias preventivas: a tradicional, usando solução salina e NAC; uma segunda associando-se solução salina com bicarbonato de sódio e outra com ácido ascórbico. Para esse fim, foram avaliados 326 pacientes com doença renal crônica e que tiveram que ser submetidos a estudo de imagem contrastado. Todos foram randomicamente distribuídos e receberam infusão de solução salina 0,9% preventivamente. Desse total, 111 receberam em associação N- acetilcisteína; 108 o bicarbonato de sódio e 107 o ácido ascórbico. Todos os pacientes apresentavam creatinina sérica ³ 2,0 mg/dL e /ou filtração glomerular < 40mL.min.1,73m-2 e tiveram o escore de risco para nefropatia calculado.

O contraste utilizado foi o iodixanol (um contraste iso-osmolar, não – iônico). Um aumento dos níveis de creatinina (³ 25%) foi observado após 48 horas da infusão do contraste. O volume administrado e o escore de risco foram semelhantes nos três grupos. Contudo, 11 dos 111 (9,9%) pacientes, que receberam solução salina com NAC e 11 dos 107 (10,3%), que receberam a associação com ácido ascórbico, apresentaram insuficiência renal após o exame. Apenas 2, dos 108 (1,9%) pacientes, que receberam solução salina com bicarbonato, desenvolveram esse efeito colateral.

De acordo com os resultados, conclui-se que a suplementação com bicarbonato de sódio, demonstra ser superior à forma tradicional (salina e NAC), na prevenção de insuficiência renal induzida por contrastes radiológicos.

 

Fonte: Equipe Editorial Bibliomed - 2007

Acetilcisteína não reduz o risco de insuficiência renal aguda induzida por contraste

Circulation, Volume 124, 2011, Pages 1250-1259

Permanece incerto se a acetilcisteína previne a insuficiência renal aguda (IRA) induzida por contraste.

Em um novo esrudo publicado na revista Circulation, foram alocados aleatoriamente 2.308 pacientes submetidos a um procedimento intravascular angiográfico com pelo menos 1 fator de risco para IRA induzida por contraste (idade> 70 anos, insuficiência renal, diabetes mellitus, insuficiência cardíaca ou hipotensão) para acetilcisteína 1.200 mg ou placebo.

A incidência de IRA induzida por contraste (desfecho primário) foi de 12,7% no grupo acetilcisteína e 12,7% no grupo controle (risco relativo 1,00 IC 95% 0,81 a 1,25, P = 0,97). Um ponto final combinado de mortalidade ou necessidade de diálise em 30 dias também foi similar em ambos os grupos (2,2% e 2,3%, respectivamente; RR 0,97 IC 95% 0,56 a 1,69 P = 0,92). Efeitos consistentes foram observados em todos os subgrupos analisados​​, incluindo aqueles com insuficiência renal.

Os autores concluíram que a acetilcisteína não reduz o risco de IRA induzida por contraste ou outros desfechos clinicamente relevantes em pacientes de risco submetidos a angiografia coronária e vascular periférica.

 

Fonte: Equipe Editorial Bibliomed

Infusão contínua de solução salina hipertônica permite o controle da hipertensão intracraniana em pacientes com traumatismo crânio-encefálico

Critical Care, Volume 15, 2011, Page 260 - (Texto Completo)

Um estudo publicado na Critical Care descreveu o uso de infusão contínua de solução salina hipertônica (SSH), utilizando uma dose calculada pela natremia em pacientes com traumatismo crânio-encefálico (TCE) com hipertensão intracraniana (HIC) refratária.

50 pacientes consecutivos com TCE e HIC refratária foram tratados com infusão contínua de SSH. O fluxo de NaCl 20% foi a priori calculado de acordo com natriurese, natremia atual e alvo, que foram avaliadas a cada quatro horas. A infusão SSH foi mantida por um período de 7 (5-10) dias. A pressão intracraniana (PIC) diminuiu de 29 (26-34) mmHg na H0 para 20 (15-26) mmHg na H1 (P <0,05). Pressão de perfusão cerebral aumentou de 61 (50-70) mmHg na H0 para 67 (60-79) mmHg na H1 (P <0,05). Não foi relatado HIC de rebote após a interrupção de infusão contínua de SSH. A natremia aumentou de 140 (138-143) na H0 para 144 (141-148) mmol.L-1 na H4 (P <0,05). A osmolaridade do plasma aumentou de 275 (268-281) mmol.L-1 na H0 para 290 (284-307) mmol.L-1 na H24 (P <0,05). O principal efeito colateral observado foi um aumento na cloremia de 111 (107-119) mmol.L-1 na H0 para 121 (117-124) mmol.L- 1 na H24 (P <0,05). Nem lesão renal aguda, nem mielinolise pontina foram registradas.

Chegou-se à conclusão que a infusão contínua de SSH permite o controle da natremia em pacientes com TCE, juntamente com uma diminuição da HIC, sem rebote com a interrupção da infusão.

 

Fonte: Equipe Editorial Bibliomed

Sulfato de Magnésio para traumatismo craniano: proteção ou dano?

Lancet Neurology 2007; 6: 29 – 38

Os traumatismos crânio encefálicos (TCE) são responsáveis por graves danos ao sistema nervoso central, implicando em seqüelas muitas vezes irreversíveis. Dessa forma, vários estudos têm sido promovidos para a elaboração de um tratamento eficaz para esse tipo de trauma. Uma dessas pesquisas foi realizada por pesquisadores de Seatle, Nova Iorque e Filadélfia nos Estados Unidos. Seus resultados foram publicados na revista Lancet Neurology.

Os estudiosos procuraram avaliar se o uso de sulfato de magnésio nas primeiras horas pós-traumatismo craniano e seu uso contínuo nos cinco dias subseqüentes a ele, influenciaria favoravelmente no tratamento das lesões ocasionadas ao sistema nervoso central em pacientes que sofreram esse tipo de trauma.

Para a realização dessa pesquisa, foi feito um estudo duplo–cego com 499 pacientes, admitidos em um centro de referência para o tratamento de trauma, com idade maior ou igual a 14 anos e que sofreram TCE moderado a severo, no período de agosto de 1998 a outubro de 2004. Os pacientes receberam duas doses de sulfato de magnésio ou placebo, 8 horas após a lesão e durante cinco dias consecutivos.
Avaliou-se a mortalidade e seqüelas relacionadas ao traumatismo craniano e ao tratamento empregado. Além disso, foram posteriormente realizados testes para a identificação da extensão das lesões e averiguação da função neuropsicológica dos indivíduos, no seis meses consecutivos ao trauma.

Como resultado, verificou-se que aqueles pacientes que receberam baixas doses de sulfato de magnésio apresentaram pior evolução, comparativamente aos que receberam placebo, ocorrendo maior prejuízo quanto maior a dose administrada. Além disso, observou-se uma ocorrência maior de edema de pulmão e insuficiência respiratória, naqueles pacientes que receberam sulfato de magnésio.

Portanto, o sulfato de magnésio não acrescenta qualquer benefício como protetor neurológico para os pacientes que sofrem traumatismo craniano, não devendo, portanto, ser utilizado.

 

Fonte: Equipe Editorial Bibliomed

Magnésio para hemorragia subaracnóidea aneurismática (MASH-2)

Uma resenha de Magnesium for aneurysmal subarachnoid haemorrhage (MASH-2): a randomised placebo-controlled trial - Lancet; 2012 May 25 [Epub ahead of print]

Sulfato de magnésio é um agente neuroprotetor que pode melhorar o desfecho após hemorragia subaracnóidea aneurismática ao reduzir a ocorrência ou ao melhorar o desfecho da isquemia cerebral tardia. Pesquisadores publicaram, recentemente, no Lancet, um estudo em que testaram a hipótese de que o tratamento com magnésio melhora o desfecho de pacientes após hemorragia subaracnóidea aneurismática.

Foi realizado um ensaio clínico randomizado, controlado por placebo, fase 3, em oito centros da Europa e da América do Sul. Pacientes com idade igual ou superior a 18 anos foram randomicamente alocados (com números randômicos gerados por computador, com blocos permutados de quatro, estratificados por centro), portadores de padrão aneurismático de hemorragia subaracnóidea ou exame de imagem cerebral, admitidos ao hospital nos primeiros quatro dias de hemorragia, para receber sulfato de magnésio intravenoso 64 mmol/dia ou placebo. Foram excluídos do estudo pacientes com insuficiência renal ou com peso corpóreo inferior a 50 kg. Pacientes, médicos assistentes e investigadores que avaliavam desfechos e os dados da análise desconheciam a alocação. O desfecho primário foi evolução desfavorável - definida por escore 4 ou 5 na escala de Rankin modificada - três meses após a hemorragia subaracnóidea ou óbito. Os pesquisadores analisaram os dados pela intenção de tratar; também atualizaram uma meta-análise de ensaios clínicos do tratamento de hemorragia subaracnóidea aneurismática com magnésio.

No total, 1204 pacientes foram incluídos no estudo, um dos quais perdeu a alocação para o tratamento. Destes, 606 pacientes foram alocados no grupo magnésio (dois perderam o acompanhamento) e 597 foram alocados no grupo placebo (um perdeu o acompanhamento). Cento e cinquenta e oito (26,2%) pacientes tiveram evolução desfavorável no grupo magnésio, comparados a 151 (25,3%) no grupo placebo (RR = 1,03; IC95% = 0,85 - 1,25). A meta-análise atualizada de sete ensaios clínicos randomizados envolvendo 2047 pacientes evidenciou que magnésio não é superior a placebo na redução da evolução desfavorável após hemorragia subaracnóidea aneurismática (RR = 0,96; IC95% = 0,86 - 1,08).

Os pesquisadores concluíram que sulfato de magnésio intravenoso não melhora a evolução clínica de pacientes após hemorragia subaracnóidea aneurismática; portanto, administração rotineira de magnésio não está recomendada.

Fonte: Medical Services

N-acetilcisteína (NAC)

A N-acetilcisteina (NAC), um antioxidante organosulfurado obtido do óleo de gergelim, do alho e da cebola. Parece ser promissor também por reduzir também o acúmulo de triacilglicerol (TG) e colesterol, bem como o dano oxidativo no fígado de camundongos submetidos a dieta rica em gordura saturada.

antioxidantes

 

 

Os antioxidantes protegem o organismo da ação danosa dos radicais livres. Alguns antioxidantes são produzidos por nosso próprio corpo e outros - como as vitaminas C, E e o beta-caroteno - são ingeridos.

 

 

 

Radicais livres são moléculas instáveis, pelo fato de seus átomos possuírem um número ímpar de elétrons, produzidas no decorrer do nosso processo respiratório. Do total do oxigénio que respiramos todos os dias, 2 a 5% converte-se em radicais livres, que não são totalmente prejudiciais. Os radicais livres tem um papel importante atuando no combate às inflamações, matando bactérias, e controlando o tônus dos "músculos lisos". Eles também estão ligados a processos degenerativos como o câncer e o envelhecimento.

Flavia Fernandes